terça-feira, 27 de novembro de 2012

Ser o que é independentemente da idade que se tem




Assistindo ao último filme do 007 me surpreendi com uma personagem bem mais complexa do que havia visto nos filmes anteriores. Um cara um tanto quanto desacreditado de sua competência por estar "coroa", sendo submetido a testes de aptidão física, tendo que provar suas habilidades psicomotoras, cognitivas, equilíbrio emocional, contudo, muito mais consciente de si mesmo. Uma pessoa que "se sabe" funcionar bem nas situações de limite e se reconhece como é, apesar do descrédito de seus superiores e das adversidades que encontra na vida profissional. Em meio à uma primorosíssima produção, uma fotografia de encher os olhos, uma trilha sonora impecável, a trama remetia inteligentemente à várias cenas que acompanharam a trajetória do lendário James Bond. Mas desta vez, lá estava ele, "coroa" assumido e 007 sempre, por direito à sua essência.

Outro dia, ao conversar com um amigo comentei que não há necessidade de provarmos quem somos, simplesmente por sermos o que somos e que, por extensão, também não há como negarmos e nem como fugirmos disso.  Quando nascemos com o "comichão do artista" a arte permeará nossas ações, quer queiramos ou não. Na postagem "que minha irmã Telma fez para mim" ela comenta nas entrelinhas que houve uma tentativa familiar de me transformarem numa pessoa mais convencional e normalzinha. E que, por sinal, não adiantou nada. Me formei fonoaudióloga e confesso que consigo tirar água de pedra quando atuo nessa profissão, mas percebi que isso acontece apenas quando levo a arte para fonoaudiologia.

Quando um "artista que é artista" pára pra se observar, constata que é artista ao brincar com uma criança, ao arrumar a sua casa, ao preparar uma comida, ao "produzir um visual", ao escrever uma mensagem, ao comprar uma lembrança para um amigo... Não estou falando de mim, não. Muita gente é artista nessa vida, traz em si a arte de saber viver e nem se dá conta disso. Aliás, a maior arte é essa: a estética do existir.

Como o 007 já percebi que vou acabar "mostrando quem eu sou nas situações limite", dando meus tropeços aqui e ali, acertando e errando, assim como acho que deve acontecer com todo mundo, afinal, situação limite "revela". E não precisa chegar a esse ponto. Conheço um cara que é cirurgião e digo que ele é cirurgião pra pregar um quadro na parede e também o é na hora de fatiar uma torta com a precisão geométrica que só um cirurgião conseguiria mesmo. Quem tem espírito de atleta, idem. Quem tem espírito de militar, ibidem. Um dos meus filhos é um esteta visual e tem um ouvidinho de tuberculoso. Tudo para ele é imagem e som. O outro é ambidestro e tem tantas particularidades, que eu precisaria escrever uma enciclopédia só pra falar sobre o jeito diferente dele funcionar. Assim, cada pessoa vive e age de acordo com a sua essência, também cresce e envelhece de acordo com a lógica de sua própria natureza.

E o 007 agora é envelhescente! Muito legal isso... E "que envelhescente!"...



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